A Raposa e o Corvo

26-01-2014 20:37

 
 

A raposa é um animal muito matreiro.

Consegue obter tudo o que deseja. Consegue comer tudo o que quiser.

Todas as tardes, tira uma sesta, ou, como ela gosta de dizer, passa pelas brasas. Ser matreira não é tarefa fácil e, por isso, precisa de descansar.

Uma tarde, a raposa foi despertada do seu dormitar. Era um corvo. Estava a segurar um pedaço de queijo no bico.

A raposa olhou fixamente para o queijo. “Olha que queijo!” disse a si mesma. “Tenho a certeza que é delicioso! Tenho de o agarrar e comer inteirinho.”

A raposa pensou e pensou numa estratégia para filar o queijo. Finalmente, teve uma ideia. Começou por fingir que estava a dormir.

Passado um bocado, esticou o corpo e bocejou ostensivamente. Depois, olhou para cima. “Olá, amigo corvo”, cumprimentou, com fingida surpresa. “Não te tinha visto.”

O corvo permaneceu mudo e segurou melhor o queijo. A raposa esperou algum tempo e continuou: “Estarei a sonhar? Tu és a ave mais bonita que eu já vi em toda a minha vida.”

O corvo ficou constrangido. Não sabia o que dizer, A raposa continuou: “Olha para as tuas penas. Elas brilham como o sol!” O pássaro ouviu aquelas palavras lisonjeiras.

Como era um pouco vaidoso, agitou as asas, exibindo a sua beleza. “Os teus olhos são brilhantes como a lua!”, tornou a raposa. “Um pássaro tão bonito deve ter uma bela voz!”, continuou a raposa, certa do resultado do seu plano.

Finalmente, olhando maliciosamente para o corvo, rematou: “Quem me dera ouvir uma canção cantada por ti. Então, passarias a ser o rei dos pássaros.”

O corvo não se conteve. Ergueu a cabeça, abriu o bico e gritou: “Craw! Craw! Craw!”. Ao mesmo tempo, deixou cair o pedaço de queijo.

Rapidamente, a raposa saltou e agarrou o queijo. O corvo parou de crucitar e lamentou-se: “Oh, o meu queijo” Lá se foi o meu rico queijo!”

Mas já era demasiado tarde.

Mais uma vez a raposa triunfou. “Por acaso, até tens uma boa voz.” Disse ela para o corvo, “mas deixa-me dar-te um conselho: não te deixes enganar por palavras lisonjeiras. Desconfia delas.” E, dizendo isto, correu para a sua toca.


 

 
Voltar